O bater compassado da ponta do seu sapato de salto alto era o único som audível naquela sala; os olhos de um impressionante azul encaravam sem realmente ver o quadro de um pintor desconhecido, sua mente estava em algum lugar que a mesma desconhecia mas com certeza era bem melhor do que está ali; da sua mão direita pendia um cigarro que ora ou outra era levado aos lábios e tragados.
Lá fora o dia está encoberto por nuvens dando indícios que em breve choveria. A jovem simplesmente amava dias melancólicos como esse, ao contrário da maioria das pessoas. Seus orbes fecharam-se e a garota francesa recostou sua cabeça no descanso da cadeira.
Odiava ter que está ali, mas sabia que era preciso. Era seu futuro que estava em jogo, e já brincara em demasia com ele. Não podia perder mais tempo.
O ressoar da porta a fez abrir os olhos e mirar em direção ao senhor que havia entrado. O mesmo a fez esperar meia hora para buscar um maldito de um contrato. Cher estava impaciente apesar de sua feição quase angelical continuar inexpressível.
- Desculpe se a fiz esperar muito senhorita “Boliver”. – disse o homem baixinho, moreno e com características de um indiano. Seu inglês era horrível, e mesmo Cher chegando há três dias nos Estados Unidos tinha plena certeza que o seu inglês era bem melhor do que o diretor á sua frente.
- É Bouvier. Mousier Figgins. Cher Violet Bouvier. – finalmente pronunciou-se depois de disfarçadamente por os olhos em branco. Sua fala era mansa, e baixa e o sotaque francês extremamente carregado.
- Oh sim... Bouvier. De qualquer forma. – fez um gesto de descaso. – A senhorita assina aqui e pronto já estará matriculada no McKinley High. – sorriu abertamente deixando a mostra seus dentes amarelados. Cher torceu o nariz a fragrância do perfume dele a enjoava profundamente.
-Certo. – assinou o mais rápido que pode. Queria sair logo dali.
- A senhorita fuma? - indagou o diretor meio horrorizado ao vê-la levar o cigarro a boca. Cher sorriu sarcasticamente e olhou com cinismo em direção ao diretor.
- O que o senhor acha? - tentou ao máximo não ser rude demais. Afinal estava tentando mudar. Mas o sangue lhe fervia com perguntas idiotas, mesmo sendo feitas pelo diretor.
- Acho que vai morrer de câncer. - respondeu-lhe balançando os ombros. Cher travou o maxiliar o mirando com os olhos meio cerrados.
-Bom, então ainda bem que sou eu quem vai morrer e não o senhor, não é mesmo? Então não haverá mais razões para o senhor se entrometer na minha vida. - sabia que corria o risco de ser expulsa antes mesmo de começar a estudar, mas ela não estava dando a minima para este fato. Odiava que a tentassem dizer o que fazer. Entregou-lhe o contrato, cruzando os braços logo depois para ver a reação do seu futuro(e talvez ex) diretor.
Depois de algum tempo finalmente tendo resolvido tudo o que deveria saiu daquela sala que tinha forte odor a menta, ou algo assim.
Ao sentir o "ar puro" de fora suspirou aliviada.
Passava através do corredor lotado de alunos que aparentemente não a notavam, só de pensar que amanhã iniciariam-se suas aulas Cher sentia sua pele arrepia-se.
Odiava escola.
Para a mesma era um ambiente repressivo demais.
Mas o que podia fazer? Era preciso. E como dito antes, a morena estava decidida a mudar.